A primeira fase do julgamento do duplo homicídio, ocorrido a 10 de setembro de 2022, no lugar do Campo Raso, freguesia da Candelária, terminou com uma inspeção judicial à propriedade dos arguidos Tomislav Jozic e Ruth Hager. A próxima fase terá início em janeiro, em Angra do Heroísmo, avança o Jornal Ilha Maior.
Segundo a mesma fonte, após ter ouvido o principal suspeito durante dois dias, o tribunal iniciou o inquérito a Ruth Hager, que se declarou inocente dos crimes, tal como tinha feito o seu companheiro. Durante esta fase de inquérito, surgiram várias dúvidas relacionadas com as acusações apresentadas pelo Ministério Público, levando a advogada de defesa a solicitar uma inspeção à propriedade dos arguidos.
Assim, na tarde de quarta-feira, dia 29, os magistrados e os advogados estiveram na residência, a tentar perceber a configuração do muro que delimita a propriedade e desmontar a acusação do Ministério Público. Acusação esta, que diz que Mário Sobral e Mário Coucelos foram abatidos a tiro por Tomislav Jozic nas imediações da propriedade, e, posteriormente, queimados, contando neste último ato com a colaboração da companheira para se desfazer dos restos mortais.
No entanto, a defesa não concordou com esta acusação e, partindo do princípio que o atirador estaria no lado de dentro do muro, questionou a localização dos vestígios de sangue e do invólucro da arma encontrada no exterior da propriedade.
No inquérito, Ruth Hager explicou que quando chegou a casa no dia 10 de setembro de 2022, por volta das 20 horas, existia uma fogueira apenas com brasa e a partir daí foi uma noite “perfeitamente normal”. Após o jantar, segundo a arguida, abriram encomendas com luvas e ‘jardineiras’ que lavaram para secar no dia seguinte, aproveitando as boas condições climatéricas para lavar carpetes que os animais tinham sujado, negando que essas limpezas tenham sido feitas para eliminar vestígios de crime.
Ainda durante o julgamento, os juízes confrontaram Tomislav Jozic com o facto de o pacemaker de Mário Sobral estar na zona da fogueira, mas o arguido deixou no ar a suspeita de o objeto ter sido colocado no local durante a investigação, lembrando que não foi encontrado na primeira visita da PSP, nem no dia 17 quando as buscas envolveram 14 agentes e dois cães, tendo sido localizado apenas na terceira busca realizada a 21 de setembro.
Os quatro dias de julgamento permitiram ouvir os dois arguidos, mas falta ouvir as 15 testemunhas apresentadas pelo Ministério Público. O julgamento será, assim, retomado na segunda semana de janeiro do próximo ano, a partir de Angra do Heroísmo.
Recorde-se que Tomislav Jozic está acusado de cinco crimes, nomeadamente dois de homicídio qualificado, dois de profanação de cadáver e um crime por detenção de arma proibida, enquanto Ruth Harger está acusada dos crimes de profanação de cadáver e detenção de arma proibida.
Ilha Maior/RP