O Governo dos Açores classificou como bem móvel de interesse público a lancha de transporte de passageiros “Espalamaca”, propriedade da Região.
A resolução, aprovada no Conselho do Governo foi sexta-feira publicada em Jornal Oficial e entrou sábado em vigor.
A classificação da “Espalamaca” teve em conta os critérios previstos em legislação própria relativos “à memória coletiva açoriana”, nomeadamente da população residente no 'Triângulo', e o interesse da lancha como “testemunho simbólico de vivências ou factos históricos”.
A lancha "Espalamaca" é fruto da combinação de outras duas lanchas de passageiros - a "Odete" e a "Maria Otília" - que pertenciam à Empresa Açoriana de Navegação e Pescas (EANP) e operavam no 'Triângulo' desde o início da década de 20 do século XX.
A fusão das duas embarcações foi realizada em 1944, pelo mestre Manuel Dias Vieira, de São Roque do Pico, tendo permanecido o nome "Maria Otília" e sua matrícula histórica (H-177-TL).
Em 1949, a lancha adquiriu o nome "Espalamaca" e, um ano mais tarde, já na posse da Empresa de Lanchas do Pico (ELP), é sujeita a profundas alterações, da autoria do mestre Manuel José da Silveira “Janeiro”.
A intervenção mais marcante foi levada a cabo pelo mestre Júlio Nunes de Matos, em 1966, e dela resultou uma mudança estética e de racionalização de espaços que perdurou praticamente até ao presente.
Em 2002, cessou a sua operação de transporte regular de passageiros e foi varada nos estaleiros da Madalena, ficando completamente abandonada e desprotegida até 2014.
Nessa altura, foi contratualizada pelo Governo dos Açores a sua recuperação para fins museológicos, encontrando-se atualmente nos estaleiros de Santo Amaro, na ilha do Pico.