“Violência” foi eleita a Palavra do Ano 2019, segundo foi ontem anunciado pela Porto Editora, na Biblioteca Municipal José Saramago, em Loures.
A palavra recebeu mais de 20 mil votos, numa votação que terminou no último dia do ano.
Para a presidente da UMAR Açores – Associação para a Igualdade e Direitos das Mulheres, a eleição tem um significado ambíguo, pois ao mesmo tempo que mostra que o fenómeno não passa ao lado dos portugueses, é consequência do aumento do número de casos de violência no país.
A responsável recorda ao jornal Diário dos Açores que, a nível nacional, até ao dia 12 de Novembro de 2019, segundo o Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR, foram 29 as mulheres mortas no país, vítimas de violência, faltando contabilizar o resto de Novembro e o mês de Dezembro.
A palavra “Violência” [doméstica] obteve 27,7% dos votos, ficando a palavra “sustentabilidade” em segundo lugar na votação, a escassos 0,1% da vencedora. Em 2018, o vocábulo escolhido tinha sido “enfermeiro“.
Uma lista de 10 palavras candidatas foi conhecida a 1 de Dezembro do ano passado, depois de um processo de selecção levado a cabo pela Porto Editora a partir de sugestões de leitores e de uma análise aos termos mais populares na comunicação social, nas redes sociais e nos dicionários online.
A votação decorreu até 31 de Dezembro e um dia antes a editora já tinha feito saber que “sustentabilidade” e “violência [doméstica]” competiam lado a lado pelo título.
Com aprovação de 27,7 %, correspondente a mais de 20 mil votos únicos registados no site palavradoano.pt, “violência doméstica” alcançou o estatuto de Palavra do Ano, o que os responsáveis da editora consideraram ser “consequência dos inúmeros casos que foram sendo conhecidos ao longo do ano e que infelizmente resultaram em vítimas mortais”.
A estatística oficial mais recente, divulgada pelo Governo a 22 de Novembro, indica que 33 pessoas morreram em 2019 em contexto de violência doméstica: 25 mulheres, uma criança e sete homens.
DA/RP