O presidente do conselho diretivo da secção açoriana da Ordem dos Enfermeiros, Pedro Soares, afirmou esta terça-feira que são necessários mais 150 profissionais na região e que atualmente há trabalhadores a fazer até 15 turnos consecutivos em lares.
Em declarações à agência Lusa, Pedro Soares referiu, a propósito do Dia Internacional do Enfermeiro, que nos lares dos Açores se assiste a uma “sobrelotação ao nível de colocações seguras de enfermagem”, com enfermeiros “a fazerem 15 turnos seguidos, sem descanso, sem fins-de-semana, porque não há ninguém para os substituir”.
Contactado pela Lusa, Pedro Soares indicou que existem nos Açores 2.200 enfermeiros, sendo que 400 profissionais deste universo são contratados de forma precária. São necessários, apontou, mais 150 para fazer face às necessidades do sistema regional e de outras instituições que operam na área da saúde.
Num cenário de combate à pandemia da Covid-19, o responsável pela Ordem dos Enfermeiros nos Açores referiu que estes profissionais, apesar do seu esforço, “levam para casa os extra pagos apenas a 50%”, num cenário em que “a base salarial é de 1.201 euros“, havendo bases “ainda mais baixas” em instituições.
Na maioria dos lares dos Açores os salários “são mais baixos do que a base salarial”.
No caso específico do combate à Covid-19, o “grande desafio é o combate do nível de ansiedade dos enfermeiros” – além de terem de se adaptar ao combate ao vírus, existe o “medo real de infetar a família” e o “excesso de carga horária” de 12 horas por dia, “muitas vezes seis ou sete dias seguidos”.