O Presidente do Governo afirmou ontem que mensagem do Presidente da República, que acompanha a devolução à Assembleia da República da chamada Lei do Mar, “é clara, objetiva e concretizável”, salientando que a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa valida a solução material prevista na lei.
“Ao afirmar que a Lei que estabelece as Bases da Política de Ordenamento e de Gestão do Espaço Marítimo não suscita dúvidas do ponto de vista constitucional que o levassem a pedir a fiscalização preventiva, a decisão do senhor Presidente da República é claramente positiva para as regiões autónomas”, uma vez que valida a solução material que a lei consagra”, afirmou Vasco Cordeiro.
Em declarações aos jornalistas, Vasco Cordeiro adiantou que, nos aspetos em que Marcelo Rebelo de Sousa sugere à Assembleia da República que haja uma clarificação de algumas matérias, essa “clarificação vai também ao encontro do interesse da Região Autónoma dos Açores, no sentido de garantir que essa lei não seja um foco de dúvidas” no futuro.
O primeiro destes aspetos tem a ver com a necessidade de clarificar a lei, para que, mesmo para além das 200 milhas, se aplique o processo de codecisão entre a República e as regiões autónomas na componente económica e financeira, o qual deve constar dos instrumentos de ordenamento a aprovar pelo Governo da República.
O segundo aspeto que consta da mensagem do Presidente da República tem a ver com a necessidade de clarificar a lei, no sentido de deixar claro que as matérias relativas à soberania e integridade do Estado não se incluem no âmbito da competência exclusiva das Regiões para licenciar atividades no mar.
Recorde-se que o Governo dos Açores apresentou à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores uma anteproposta de lei para a alteração daquela lei de bases, iniciativa que foi aprovada por unanimidade pelos Deputados Açorianos, seguindo para a Assembleia da República, onde foi aprovada no final de julho.
A Lei de Bases do Ordenamento e Gestão do Espaço Marítimo prevê o princípio da gestão partilhada do mar, consagrado no Estatuto Político-Administrativo dos Açores, desde 2009.