Faleceu, no passado domingo, a poetisa faialense Otília Frayão (1927-2020), de há muito radicada em Espanha. Os seus poemas, de nítida inspiração simbolista, exprimem sonho de viagem, desejo de aventura, aspiração de fuga, e mereceram honras de estudo e de antologia por parte de Pedro da Silveira e Ruy Galvão de Carvalho. Poetou ainda em inglês e castelhano.
Infelizmente não foi pela poesia que ficou conhecida, mas por um episódio que mudaria para sempre a sua existência: nos inícios de Janeiro de 1951, então com 23 anos de idade, Otília, insatisfeita com a vida cinzenta e opressiva da ilha, fugiu no iate “Temptress” com um navegador solitário inglês. A épica aventura seria amplamente noticiada em jornais e revistas de todos os quadrantes e, mais tarde, lembrada por conhecidas personalidades do mundo náutico e literário.
Para esta faialense, irmã de Mário Frayão (1928-2020), foi o mar que se abriu como um caminho para a Liberdade e para o Mundo, pois que a errância foi a sua maneira de perseguir a Felicidade e o Sonho.