Um artigo publicado pela a revista Visão faz referência à praia do Porto Pim, na ilha do Faial, ser uma das praias mais poluídas do mundo. As declarações surgem numa entrevista a Christopher Pham responsável pela candidatura dos Açores a área vital para a sobrevivência dos oceanos e nomeado “campeão” na defesa do mar dos açores por uma das mais importantes organizações de proteção ambiental do mundo.
Tal como o Pacífico tem a sua Grande Ilha de Plástico, também no Atlântico existe uma zona gigante de acumulação de lixo marinho − e fica mesmo a sul dos Açores. Christopher Pham, cientista no Okeanos (Instituto de Investigação para as Ciências do Mar da Universidade dos Açores), explica que “não chega a ser bem uma ilha, porque a maioria dos plásticos são minúsculos”, mas que é realmente enorme e “vai até às Bermudas”. Muitas vezes chega também às praias açorianas: “As pessoas não têm noção, mas temos uma das praias mais poluídas do mundo, aqui mesmo, no Faial.” Depende dos ventos e das correntes, mas quando estão de feição chegam a acumular-se 12 mil pedaços de plástico por metro quadrado na praia do Porto Pim. “Quando mando fotografias aos meus colegas lá fora, até no Havai ficam chocados”, exclama.
Felizmente, assegura Christopher Pham, não é um problema comum a todo o arquipélago que, na sua maioria, continua a ser o paraíso azul e verde que o turismo vende − e os cientistas confirmam: “A riqueza do mar dos Açores é incrível e não para de nos surpreender”, diz Christopher. Refere-se, por exemplo, à recente descoberta de vastos jardins de corais de profundidade realizada pelos seus colegas do Okeanos.
Foi por perceber estas duas realidades que Christopher Pham, mais uma colega do Observatório do Mar dos Açores, decidiram candidatar o arquipélago ao estatuto de Hope Spot, um projeto desenvolvido pela Mission Blue Foundation.
Christopher Pham, como o nome deixa adivinhar, não é natural dos Açores. Fez aqui a sua tese de doutoramento, sobre o Impacto das Pescas no Mar Profundo, mas nasceu em Genebra, filho de mãe francesa e pai vietnamita. Talvez por ter passado a juventude rodeado de montanhas, nunca teve grandes dúvidas de que queria dedicar-se ao mar. A relação com os Açores surge depois de ter terminado o mestrado (no País de Gales) quando encontrou aqui o seu primeiro emprego, ao abrigo de um programa europeu.
Fonte: Visão