A Federação Agrícola dos Açores (FAA), através de um comunicado divulgado aos media, lamentou a estratégia da indústria de continuar a diminuir o preço de leite pago aos produtores, com o anúncio de várias baixas do preço praticado junto da produção, alegando o excesso de leite e aumento de stock dos produtos lácteos, numa fase, em que a maioria dos custos dos fatores de produção continuam altos e em que a inflação permanece a níveis superiores ao desejado.
Na nota, a FAA recorda que as subidas em novembro do preço de leite no continente praticadas pelo Pingo Doce e pela Lactogal, não se repercutiram nos produtores de leite açorianos, por isso, mesmo com as descidas anunciadas, o diferencial entre o preço médio de leite nos Açores e o continente, é de mais de 10 cêntimos, o que é significativo e desajustado.
A esta situação, juntou-se os anúncios da Bel, Prolacto, Unileite e Insulac em São Miguel e da Unicol na Terceira que, "embora não sejam uniformes, vêm contribuir para a desmotivação de um setor de grande importância na região, que por estar em constante pressão e coação, pode vir a sofrer profundas alterações a médio e longo prazo."
Receando o futuro, a entidade afirma que as indústrias fortemente apoiadas pelos fundos comunitários, não têm contribuído para a melhoria das condições dos produtores de leite, por isso, a entrada de jovens está ameaçada, existindo muitos produtores que já converteram a sua produção de leite para carne, e outros que estão no caminho de diminuírem cada vez mais a sua produção, através da medida de redução voluntária da produção de leite.
“Este não é o caminho que pretendíamos, mas a indústria obriga-nos a isso”, lê-se no documento.
Tratando-se de uma ação fundamental na economia regional, “não se podem assentar os seus resultados, única e exclusivamente na sua relação com a produção”, afirma a FAA, acrescentando que “ninguém compreende que se verifiquem sucessivas baixas de preço de leite ao produtor, em maio e junho, e que os preços nos consumidores permaneçam altos, sem alterações significativas”.
Relembre-se que o preço de litro de leite UHT subiu ao consumidor aproximadamente 40 cêntimos, enquanto aumentou somente 20 cêntimos aos produtores de leite.
Perante esta situação, a FAA defende que os lucros que as indústrias apresentam no final de cada ano, têm de ser devidamente distribuídos, nomeadamente, por quem produz uma matéria-prima de qualidade, como é o caso dos produtores de leite dos Açores.
Terminando, a responsável pela agricultura afirma com agrado que nas restantes ilhas da região, não foram anunciadas descidas do preço de leite, acreditando que esta situação possa constituir uma esperança para a indústria do leite regional.
FAA/RP