Segundo o jornal Diário dos Açores, um contentor de gado importado de Portugal continental, com autorização das autoridades açorianas, incluindo veterinárias, para a ilha do Pico, poderia ter causado uma grave contaminação nos Açores com a Doença Hemorrágica Epizoótica (DHE), também conhecida como a doença da língua azul, uma vez que veio todo contaminado, denunciou uma fonte conhecedora do processo ao próprio jornal.
Em causa está a importação destes animais do continente português sem terem feito quarentena, devido a pressões ao mais alto nível que obrigaram as autoridades veterinárias a autorizar a importação, revelou a fonte.
A Doença Hemorrágica Epizoótica (DHE) é uma doença de etiologia viral que afeta os ruminantes, em especial os bovinos e os cervídeos selvagens, com transmissão vectorial. Dada a situação epidemiológica da doença em Portugal e Espanha, houve a necessidade de alargamento da zona afetada e, consequentemente, a necessidade do gado fazer quarentena em Portugal continental.
Sem quarentena o gado importado não poderia coabitar com gado açoriano, situação que não aconteceu a bordo do navio “Insular”, da Boxline. Numa escala na Graciosa a 27 de Setembro, foram carregados três contentores de gado: dois destinados a S. Miguel para recria e um outro destinado a Portugal continental com animais já criados e prontos para abate, viajando lado a lado com o contentor importado de Portugal continental.
De acordo com a mesma fonte, parte do gado da Graciosa apresentou sinais que poderiam ser de contaminação da doença, pelo que todo ele teve que ser abatido na ilha do Pico e os seus proprietários indemnizados.
Perante esta situação, a Federação Agrícola “mandou queimar todo o gado possivelmente contaminado, evitando o que poderia ser uma catástrofe para lavoura da Região”.
Mais se sabe que este navio, antes da Graciosa, escalou em Ponta Delgada no dia 25 e na Praia da Vitória no dia 26, podendo ter estado gado eventualmente contaminado a circular por diversas ilhas dos Açores, mas, de acordo com as mesmas fontes, não houve contaminação.
Há ainda notícias de que, anteriormente, outros 2 contentores com gado do continente foram importados para a ilha de São Jorge, tendo sido também abatido naquela ilha.
Diário dos Açores/RP