Segundo o Açoriano Oriental, que cita a Agência Lusa, o novo presidente indigitado pelo Governo Regional para liderar o conselho de administração da Lotaçor, José António Soares, admitiu reduzir o valor das taxas e serviços prestados pela empresa que gere as lotas nos Açores.
“Esta estratégia de baixarmos [o valor] fará com que todos os armadores e pescadores venham a beneficiar do abaixamento das taxas”, explicou o futuro administrador da Lotaçor, ouvido esta segunda-feira na comissão de Economia do parlamento açoriano, reunida em Ponta Delgada.
O anúncio de José António Soares, antigo autarca do PSD e atual deputado social-democrata à Assembleia Legislativa dos Açores, surgiu na sequência de uma pergunta feita por Gualberto Rita, deputado da bancada do PS, sobre se este ponderava ou não a redução de taxas e serviços de lota.
Jaime Vieira, do PSD, advertiu, no entanto, o novo administrador da Lotaçor para os riscos que a redução das taxas e serviços poderá vir a ter nos resultados operacionais da empresa pública, defendendo antes a alteração dos horários das lotas, de forma a facilitar o trabalho de pescadores e armadores.
José António Soares garantiu que serão verificados os horários e encontradas as melhores soluções, acrescentando que pretende também promover o pescado dos Açores junto dos mercados nacionais e internacionais para garantir melhores preços para os pescadores que exercem a atividade no arquipélago.
Por sua vez, Francisco Lima, deputado do Chega, lembrou que a Lotaçor apresenta resultados financeiros “catastróficos”, que é necessário alterar, eventualmente através da redução das “gorduras” da empresa ao nível, por exemplo, dos recursos humanos.
“Não podemos continuar com um setor empresarial do estado falido, sempre a viver à custa do contribuinte”, frisou o parlamentar do Chega, lembrando que “uma coisa são os custos da insularidade, outra coisa é sustentar o excesso de despesas e a má gestão”.
Nuno Barata, deputado da Iniciativa Liberal, considerou que José António Soares não terá capacidade, enquanto administrador público, de reduzir as despesas da empresa e, simultaneamente, baixar as fontes de receita.
Carlos Silva, deputado do PS, recordou as conclusões de um relatório do Tribunal de Contas, remetido ao Ministério Público, que considerou que pode ter havido prejuízo para o erário público no caso que envolve negócios realizados pela empresa municipal ‘Madalena Agir’ quando José António Soares era presidente da Câmara da Madalena do Pico.
“Se tiver algum problema com a justiça, ou for constituído arguido, coloca a hipótese de vir a renunciar ao cargo de novo presidente da Lotaçor”, inquiriu o parlamentar socialista.
Na resposta, José António Soares disse apenas estar "tranquilo" em relação a esse processo.
Os deputados questionaram ainda o responsável sobre outros assuntos, sem, contudo, obterem respostas, nomeadamente sobre o eventual reforço do financiamento da Lotaçor, sobre a composição do restante conselho de administração da empresa e até sobre o local onde o novo administrador irá trabalhar, se na ilha do Pico, onde reside, se em Ponta Delgada, onde está sediada a empresa.
José António Soares irá substituir Sofia Inácio, na presidência da Lotaçor, empresa que registou, em 2023, um resultado líquido negativo de 2,5 milhões de euros, que advém da diminuição do pescado descarregado em lota e da redução do contrato de exploração com o Governo.
Lusa/Açoriano Oriental/RP