Os sulcos resultantes da passagem de carros de bois nos Açores, denominados relheiras, vão ter um plano de proteção em 2017, de acordo com uma proposta da comissão que avaliou este património. “As relheiras estão em terrenos agrícolas, muitas vezes pouco acessíveis e, portanto, o plano de proteção significa também a sua valorização, consulta, visitação, visibilidade e enquadramento”, afirmou, em declarações à agência Lusa, o diretor regional da Cultura, Nuno Lopes. As relheiras são sulcos paralelos deixados na pedra provocados pela passagem continuada de carros puxados por bois, que durante séculos foram o principal meio de transporte de pessoas e de carga no arquipélago. As rodas dos carros de bois, normalmente envoltas em aros de ferro, deixaram marcas causadas pela quantidade de vezes que passaram no mesmo local, seguindo sempre o mesmo trajeto. De acordo com o relatório “Inventariação e Proteção das Relheiras dos Açores”, estão identificadas 102 relheiras em oito das nove ilhas da região, com exceção do Corvo, a ilha mais pequena. São Miguel tem contabilizado um quilómetro de relheiras, divididos em dez troços; já o Pico é a ilha com maior extensão deste património. A mesma entidade propõe a criação de uma página na Internet, a integrar o portal do Governo Regional dos Açores, com informação sobre as relheiras, e onde os conteúdos possam ser acrescentados por utilizadores externos, mediante aprovação. A proposta de inventariação das relheiras nos Açores partiu do grupo parlamentar do CDS-PP na Assembleia Legislativa regional.