Segundo o Jornal Açores 9, os ex-trabalhadores da conserveira Cofaco da ilha do Pico, entregaram na sexta-feira um abaixo-assinado a pedir a intervenção do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na aplicação das majorações de apoios sociais aprovadas pelo parlamento.
O coordenador da União de Sindicatos de Angra do Heroísmo, Vítor Silva afirmou que o Governo tem levado muito tempo nesta matéria. Já dirigiram um abaixo-assinado à senhora ministra do Trabalho no mês de agosto e ainda não obtivemos resposta. Já solicitaram também a intervenção do próprio presidente do Governo Regional junto do Governo da República sobre esta matéria e também não tiveram resposta. Portanto disse o coordenador tivemos de recorrer à figura máxima do país.
O dirigente sindical, que é também responsável pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo dos Açores falava, em Angra do Heroísmo, depois de ter sido recebido pelo Representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino, a quem entregou um documento com cerca de uma centena de assinaturas.
Em maio de 2018, a conserveira Cofaco, dona do atum Bom Petisco, encerrou a fábrica da ilha do Pico, despedindo 162 trabalhadores, com o compromisso de abrir uma nova fábrica até janeiro de 2020, com capacidade inicial para 100 trabalhadores e a possibilidade de aumentar o efetivo até 250, projeto que ainda não arrancou.
Dois meses depois, o PCP apresentou um projeto de resolução, aprovado por unanimidade na Assembleia da República, que recomendava ao Governo a criação de um “regime especial e transitório de facilitação de acesso, majoração de valor e prolongamento de duração de apoios sociais aos trabalhadores em situação de desemprego” na ilha do Pico.
Já em setembro deste ano foi aprovado um projeto de lei do PSD, que prevê a criação de um programa especial de apoio social para os ex-trabalhadores da Cofaco do Pico.
Mais de dois anos depois do fecho da fábrica, as propostas aprovadas no parlamento ainda não foram, no entanto, regulamentadas.
Segundo o dirigente sindical, muitos trabalhadores já perderam o subsídio de desemprego e “alguns já perderam o subsídio de desemprego subsequente e estão sem qualquer fonte de rendimento neste momento”.
Dos 162 trabalhadores que foram despedidos, 130 ainda não conseguiram encontrar outro emprego.
Os ex-trabalhadores da Cofaco pedem a Marcelo Rebelo de Sousa que questione o Governo sobre a demora na aplicação das medidas aprovadas no parlamento, mas garantem que vão “continuar a lutar” até que a legislação passe do papel à prática.