Segundo o Açoriano Oriental, que cita a agência Lusa, os produtores de vinhos dos Açores estão a antecipar o mês as vindimas, que costumam realizar-se em setembro, devido às alterações climáticas. A informação foi avançada à Lusa, pelo presidente da Comissão Vitivinícola regional, naquele que é considerado o melhor dos últimos três anos de produção.
Embora a vindima tradicional se realize habitualmente “na primeira semana de setembro ou segunda semana”, desde há três ou quatro anos “tem sido feita em agosto e cada vez mais cedo”, avançou Paulo Machado.
Natural da Ilha do Pico, o responsável afirmou que este ano já se vindima naquela que é a ilha responsável pela produção da maior parte dos vinhos brancos dos Açores.
Segundo o representante, este fenómeno tem a ver “não só com as alterações climatéricas, em termos de maturação da vinha, mas também com as condições adversas climatéricas que põem em risco as uvas - com medo de as perder, os produtores vindimam mais cedo”.
Paulo Machado aponta que se perspetiva “um bom ano vitivinícola quando comparado com os três últimos anos”, face “à expectativa que havia na altura da floração, que correu muito bem”. Mas, que nas últimas duas semanas, foram registadas “humidades muito elevadas e algumas chuvas, acompanhadas pelos prejuízos dos pássaros”, o que colocou a expectativa inicial de haver “duas vezes e meia a produção de 2022 num patamar não tão alto”.
A meta era atingir os 660 mil litros de vinhos certificados conseguidos em 2019, último bom ano de produção.
No entanto, Paulo Machado ressalvou que, apesar da quebra de produção dos últimos três anos, este fator “não se traduziu no decréscimo das marcas nem no número de vinhos”. “Antes pelo contrário, as marcas aumentaram, bem como os produtores aptos a certificar e as referências comerciais. Neste momento, existem nos Açores mais de 60 marcas comerciais, tudo produto certificado”, declarou.
De acordo com o dirigente, “a dificuldade de mão-de-obra mantém-se”, havendo, entretanto, mais área de produção.
No âmbito do programa VITIS, os produtores dos Açores têm vindo a promover a reconversão de vinhas em várias ilhas, de forma particular na ilha do Pico, mas, atualmente, segundo Paulo Machado, “está-se numa fase de equilíbrio”, com 1.200 hectares aptos a produzir vinhos certificados.
O presidente explicou ainda que “a exportação de vinho cresceu imenso por via da pandemia, o que impôs a necessidade de os produtores se reinventarem em termos de ‘marketing’ e de vendas, criando canais que hoje funcionam bem”.
A “grande fatia” dos vinhos é vendida nos Açores, também por via do turismo. Europa, América e Ásia, mais recentemente, são os continentes para onde se exportam os vinhos açorianos, que têm vindo a receber vários prémios.
Autor: Lusa/AO Online